segunda-feira, outubro 11, 2004

Pedroso e o marcelismo da caça às bruxas (7 de Abril de 2004)

O artigo "apuradamente linear" da autoria de Paulo Pedroso, publicado no JN, do passado dia 6, se tem um conteúdo verboso que finge assumir a lógica das boas ideias, talvez incorra naquela metodologia inquisitorial dos que, visando fins tacticistas, não se importam em injuriar os adversários, segundo o processualismo salazarento, ou gonçalvista, da "caça às bruxas".
Seria aconselhável que o mediático ex-ministro reparasse que o largo oceano do populismo, bem configurado, há meio século, entre Poujade e Nasser, pouco precisa do estudo das "novas direitas", dado ter mais a ver com velhas esquerdas e velhas direitas.
Marcado pelo "poujadismo" dos tendistas e pequenos industriais foi o Partido Republicano Português, isto é, a base da nossa esquerda republicana e laica, mas bem pouco socialista, até à emergência de Mário Soares, que, recorrendo a "feiras e piropos de peixeiras", ajudou o povão a livrar-se do vanguardismo daquela "hard left" que só se democratizou no dia seguinte ao 25 de Novembro de 1975, e ainda bem!.
Quando o mentor desses resquícios do MES insulta os militantes do PND entra objectivamente na campanha de candidatura a "porta-voz do sistema", desencadeada, uma semana antes, pelo antigo presidente do PSD no seu púlpito televisivo. A má língua da sacristia laica deste situacionismo, entre complexos de esquerda e fantasmas de direita, apenas certifica que o PND não faz parte daquele "mais do mesmo" do grande bloco central, a que pretendem aceder os irmãos-inimigos do Bloco de Esquerda. A Nova Democracia não está à direita nem à esquerda deste sindicato dos elogios mútuos. Está à frente. Apenas quer dar voz aos que, rejeitando o sistema, pretendem regenerar o regime, contra o corporativismo de bonzos, endireitas e canhotos.